Você sabia que os Polvos podem “sonhar”? Entenda o mistério

Descubra como os polvos são algumas das criaturas mais enigmáticas do reino animal.

Os polvos são algumas das criaturas mais enigmáticas do reino animal. Com cérebros complexos, comportamentos curiosos e habilidades que beiram a ficção científica, esses invertebrados continuam surpreendendo cientistas. Um dos fenômenos mais intrigantes é a possibilidade de que eles sonhem enquanto dormem. Mas será mesmo? E o que isso pode revelar sobre a consciência animal?

A inteligência surpreendente dos polvos

Antes de falarmos sobre sonhos, é importante entender quem são esses animais. Os polvos fazem parte do grupo dos cefalópodes, ao lado de lulas e sépias. Entre suas habilidades estão:

  • Resolver problemas e abrir potes

  • Usar ferramentas

  • Mudar de cor e textura para camuflagem

  • Escapar de aquários ou armadilhas com impressionante astúcia

Mas o mais surpreendente é o seu sistema nervoso: os polvos têm cerca de 500 milhões de neurônios, espalhados entre o cérebro central e os tentáculos — que, por sinal, também pensam e agem de forma independente.

Polvos dormem?

Sim! Estudos mostraram que os polvos passam por ciclos de sono, alternando entre estados mais profundos e períodos de movimentação rápida dos olhos, contrações musculares e mudanças intensas de cor.

Essa fase foi comparada ao sono REM (Rapid Eye Movement) dos mamíferos — o estágio no qual sonhamos.

Os primeiros indícios: mudanças de cor durante o sono

Em 2021, um grupo de cientistas filmou polvos da espécie Octopus insularis durante o sono. Eles perceberam que, em certos momentos, os animais:

  • Mudavam de cor rapidamente

  • Faziam pequenos movimentos com os braços

  • Contraíam os olhos e a pele

Essas reações duravam cerca de 40 segundos e se repetiam em intervalos. O comportamento lembrava uma “atuação involuntária” — como se o polvo estivesse vivendo algo internamente.

Isso é sonho ou reflexo?

Ainda não podemos afirmar com certeza que polvos sonham da mesma forma que os humanos. Mas o comportamento observado levanta hipóteses:

  • Pode ser uma reprodução involuntária de memórias — algo similar a um sonho.

  • Pode ser uma forma de o cérebro processar informações e consolidar aprendizado, como ocorre com outros animais.

Alguns especialistas sugerem que, se os polvos realmente sonham, isso implicaria um tipo de consciência muito mais desenvolvida do que se imaginava para invertebrados.

O que isso diz sobre a consciência animal?

A consciência animal é um dos temas mais desafiadores da ciência moderna. Se polvos — que têm sistemas nervosos radicalmente diferentes dos mamíferos — mostram sinais de estados mentais complexos, isso pode indicar que a consciência:

  • Pode surgir de forma independente em diferentes ramos da evolução

  • Não é exclusiva de cérebros como os nossos

  • Pode existir em formas que ainda não compreendemos

Essa possibilidade faz com que os cientistas reconsiderem o que significa “sentir” ou “ter experiências internas”.

O que os sonhos dos polvos poderiam revelar?

Ainda não sabemos o conteúdo dos supostos sonhos dos polvos. Mas se eles realmente sonham, os padrões de cor durante o sono podem ser uma janela para o que está sendo “vivido” internamente.

Alguns pesquisadores acreditam que os sonhos possam representar:

  • Caçadas simuladas

  • Experiências passadas (como encontros com presas ou predadores)

  • Ensaios de comportamentos futuros

É como se estivéssemos assistindo a um filme projetado na própria pele do polvo.

E o futuro da pesquisa?

Pesquisas com polvos estão avançando com ajuda de:

  • Neuroimagem em tempo real

  • Estudos de comportamento em cativeiro e no oceano

  • Análise genética e de padrões neurológicos

O desafio é enorme, já que o cérebro dos polvos é muito diferente do nosso. Mas os cientistas estão empolgados com a ideia de entender melhor não apenas os polvos, mas também o funcionamento da mente em geral.

Um mundo interno à flor da pele

Se os polvos realmente sonham, isso nos obriga a repensar nossa visão sobre inteligência e consciência na natureza. Eles seriam os primeiros invertebrados com indícios de atividade cerebral comparável à de sonhos — algo que até pouco tempo se achava exclusivo de mamíferos e aves.

Mais do que uma curiosidade científica, esse fenômeno mostra que a vida interior de outras espécies pode ser muito mais rica e complexa do que imaginamos.

E se os sonhos dos polvos são reais, talvez o oceano esteja cheio de mentes sonhadoras que ainda nem começamos a compreender.

Compartilhar:

Artigos relacionados